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Bruno Mendes

No fim

E no fim não há nada: quebrou-se a rotina, calaram-se os gaios e serviram-se bebidas geladas. Atormentado por um calor que corrói por dentro, resta persistir até que o frio regresse e com ele a previsibilidade e a clareza. Não há que resistir, mesmo que nada agora faça sentido; o sentido surgirá eventualmente, creio, pelo menos por enquanto.

O escuro instala-se. É noite de São João. A cidade emana vida. Os balões sobem como na minha infância. Realizei todos os sonhos de criança, mas não tenho nada ainda. Sou um livro sem história.

Servem-se bebidas geladas. Corro alegre, talvez. As pessoas estão felizes no caos. Eu também. O caos é um tanto organizado. Talvez não receie mais o calor. Talvez amanhã o calor seja tudo o que preciso, se as minhas mãos encostarem nas tuas, e este fim for um bonito começo.