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Bruno Mendes

O homem de fato azul

Sem saber se acedo ou retrocedo, sento-me devagar no comboio ao lado de um homem de barba branca e fato azul casual. Chegou uma nova fase da vida que não é diferente de nenhuma outra e não tem de ser combatida. Acedo. Revisito o passado com uma indulgência notável. Perco-me nos meus pensamentos. O homem olha-me fixamente nos olhos. Eu retribuo divagando sobre o fato azul. Ele não faz a mínima ideia do que estou a pensar, e eu não faço a mínima ideia do que ele está a pensar. É extraordinário, conectarmos assim, com o olhar. Ele não tem de me explicar nada - só arruinaria o momento.