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Bruno Mendes

O palácio

Imponente como o desejo, este palácio vê passar um casal com entusiasmo mas alguma apreensão. De mãos dadas mas nunca se olhando mutuamente, caminham à volta do palácio, para um lugar onde possam analisar um pouco mais o passado para escapar do presente. No presente, se se olham, vêem-se com apreensão, desconfiança - para quê olhar assim? -, sorriem um pouco, apenas. Eles estão felizes, plenos de esperança, mas o palácio sabe que não há como amar quem não quer ser amado, que o amor não é um sorriso mas um sorriso de ponta a ponta, que não há como mudar os padrões mais fundamentais de uma relação. Este palácio sabe, no fundo, que não voltará a ver passar este casal.