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Bruno Mendes

A terra do nada

Nesta terra onde não há nada, o almoço serve-se sem bebida e as portas estão trancadas. Voluptuosas cadeiras em secretárias ajustáveis são assento para um conjunto de almas que deambulam produzindo uma qualquer coisa, devagar, durante uma série de horas consecutivas, ansiosas por se desligarem e viverem o mundo real, talvez, por um pouco, até que se cansem do descanso e voltem no dia seguinte pela mesma estrada engarrafada.

Nesta terra onde não há nada, as obras de arte do passado são o fardo do presente, e nada pode ser bom, porque todo o inconsciente está trancado, desidratado, fugitivo, cego e incapaz de se ligar lá fora, aqui dentro, onde quer que seja, não obstante a qualidade das secretárias, o número de vias de trânsito ou a dimensão do nada.