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Bruno Mendes

Ermesinde (por fora)

É de noite mas não tanto como na semana passada. Ainda há autocarros decentes a esta hora, daqui a dez minutos. Quase não saía a tempo, para ser sincero. Tenho uma pilha de afazeres pela frente e uma saudade miudinha que me custa compreender. Vimo-nos há três ou quatro horas! Enfim. Está frio, em Ermesinde.

Que quer este homem? Fujo ou deixo-me estar sentado? Deixo-me estar; eu corro mais que ele. Ahm hum brr eu dou-lhe um estaladão! Cough arr bhm eu chamo a polícia! Certo, claro. Nunca mais chega o autocarro. É o 701, mesmo. Pare, um bocado mais para cá, oh você aí!

Que raio de sociedade somos? Que tipo de homem sou? Será que aquele homem era o maluco de Ermesinde, está cá sempre a esta hora, já o conhecem? Podem sequer cadeiras de rodas andar de autocarro?

Não sei, nem importa, porque a hora tarda, há assuntos a tratar chegado a casa, uma semana para enfrentar e oxalá chegar sexta e voltar finalmente para os teus braços.