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Bruno Mendes

(Re)freio

A minha paixão pelo comboio vem de pequeno. Com tanto como quatro ou cinco anos, os meus olhos brilhavam no museu da locomotiva ou no denso das linhagens de Campanhã, qual portal para o mundo organizado e detalhado.

Se não há ressurreição, há pelo menos um subconsciente miúdo que transportamos a vida toda, que encontra o seu lugar nos momentos, por mais desfasados que aparentem. É um azedo de boca, um arrepio arregaçado, um golpe de esperança, um imaginário em crescendo, uma imagem que imprimo ou o som do respirar daquele que diante de mim se apresenta e se desconstrói, gritando seus enredos e problemáticas.

Não me bastam as viagens. Quero mais, porque se não há mais do que isto, não valem as horas seu esforço, o remorso sua contradição e esta teia de palavras sua mediocridade face àquilo que tecia quando se fazia algo no mundo.