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Bruno Mendes

O resgate

De regresso a casa depois de um almoço solitário, posso esperar que te atires, ou simplesmente atirar-te. Até onde estou disposto a ir para me ver debruçado sobre os carris, de braço estendido, deste lado e nunca daquele?

O sol bate evergonhado nas paredes da estação. Está aqui em causa uma vida humana. Não estaria, naturalmente, se existisse por parte das entidades transportadoras uma maior inteligência, isto é, se tornassem o vídeo acessível aos maquinistas, mas é dúbia a relevância desta questão perante a delicadeza do momento.

Aqui, resta impor o meu poder de persuasão. Ela vai agarrar a minha mão, mais tarde ou mais cedo. Em último caso, agarro-a eu. Pouco importa, porque quero apenas ser herói.