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Bruno Mendes

Curva perfeita

Lá estavas tu. Eu a cortar a curva, torto, apurando as razões do continuado nervosismo que se havia apoderado dos meus tecidos musculares, rogando pelo retorno da impavidez de que tanto me lamento, e tu apareces-me, na faixa de rodagem, por meros instantes.

Tu és a prova do meu espírito mecanizado e sua própria refutação. És igual às outras, mas diferente. Há no teu lindíssimo semblante uma presença e um carácter extraordinários. Se tens traços de altivez, passam despercebidos a meus olhos. Tudo em ti é perfeito.

Eras tu? Não sei. Não tive tempo para apurar ao certo a tua identidade. Pouco importa. O que importa é que te vi na minha mente e desfoquei momentaneamente da realidade escura e turbulenta. Vi uma luz brilhante, e só quis ter-te.

Por favor, volta. Aparece no meu pensamento e leva-me para longe. Conduzo eu.