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Bruno Mendes

Heroísmo

O ar tenso, silencioso. O vidro embaciado, o fundo preto. Uma rapariga levanta-se e dirige-se para a porta. Não me parece que a tempo. Veste um casaco preto aveludado, não usa maquilhagem, pergunto-me se por desleixo ou opção, opção por viver apartada da norma, opção por ser simplesmente bela. Quem inventou aquilo? Vai deixando cair a mala. Talvez seja melhor abrir-lhe a porta. Ouço-lhe a respiração, e o ruído agudo da carruagem. Em esforço, ela leva o dedo ao botão, e tropeça. Oh! Insatisfeita, desvia o olhar e depara-se comigo recostado, arrogante. Desconhece por completo a minha lentidão. Eu perdoo-lhe a precipitação.