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Bruno Mendes

Colapso

Acordo e sinto um arrepio gelado na espinha. É o começo de mais um aborrecido dia, pleno de deambulações sem sentido, diálogos sobre nada, monólogos sobre tudo.

Arrepia-me sonhar quão bela e caoticamente ordenada poderia ser a vida se fizesse tudo o que penso. Arrepia-me ver o tempo esgotando-se diante de mim enquanto o esgoto divagando comigo mesmo, com as melodias e os vultos.

A dor de pensar num universo paralelo, em que sou tudo o que quero ser enquanto o posso ser, é incomensurável. Aproximo-me de um colapso enquanto mantenho a minha postura impávida e serena. Aprecio os outros colapsarem, e mantenho-me de pé, estático. Estou tranquilo. Não chegarei a colapsar, se não viver.

Sinto um arrepio gelado na espinha, e acordo para mais um dia.